Dados preliminares do Mapeamento participativo da Covid-19 em Fortaleza (CE)

Qual foi o objetivo da pesquisa?

Realizar mapeamento participativo dos casos suspeitos e confirmados de COVID-19 no município de Fortaleza, Ceará, a partir das opiniões expostas por seus moradores, obtidas por meio do preenchimento de questionário objetivo.

Quando a pesquisa foi feita e quantos dados foram analisados?

O recorte temporal teve o período de 8 à 10 de abril de 2020, em que foram analisadas 12 mil respostas em formulário de coleta de dados disponibilizado na plataforma web do Labocart/Geografia – UFC.

A base de dados resultante é composta por 18 campos, a saber: 13 campos de texto estruturado com algum tipo de validação no formulário (ex. validação de e-mail, lista de valores, caixas de seleção, IP, data de coleta), 1 campo de texto aberto, 2 campos numéricos e 2 campos de preenchimento automático via sistema. O sistema de formulário possibilita a exportação da base de dados em formato de planilha eletrônica .xlsx para análise exploratória dos dados.

Qual metodologia foi utilizada na pesquisa?

Aplicou-se neste estudo os princípios da Informação Geográfica Voluntária (Volunteered Geographic Information – VGI), vertente da pesquisa em GIS que surgiu na primeira década do século XXI (era Web. 2.0), em ambiente que prima pelo imediatismo e por respostas rápidas, agregando as novas tecnologias da informação ao mapeamento de dados. O uso de ferramentas poderosas, porém de fácil manipulação e acesso, possibilita cidadãos comuns a transformarem-se em mapeadores que constroem, compartilham e usam dados geoespacializados em seu dia-a-dia (Elwood; Goodchild; Sui, 2012).

O VGI foi amplamente difundido após o uso disseminado das redes sociais e dos dispositivos portáteis, quando diversos tipos de Apps (públicos e privados) instigaram cidadãos a contribuírem com a administração e a gestão pública em questões complexas (saúde, educação, mobilidade, meio ambiente, etc.), por meio de processos bottom-up quando, em geral, as autoridades gastam grande energia e recursos púbicos para implementarem políticas a partir de ações e movimentos top-down (Haworth; Bruce, 2015).

Quais as limitações da pesquisa?

– Falta de controle sobre como se constitui a amostra.
– Ausência de precisão do tamanho da amostra.
– Ausência de garantia de representatividade, portanto não permite saber o grau de precisão dos resultados.
– Possíveis vieses de amostragem, sem grande diversidade dos perfis amostrais.

  

Por que as pessoas não cumprem o isolamento social em Fortaleza?

Houve grande variedade de argumentos em 1039 respostas, a partir daí fez-se esforço para definir as 100 palavras mais encontradas com métodos empregados pelo software WebQDA, sendo que 30 delas foram desconsideradas por não serem relevantes para a análise (preposições, conjunções, artigos, etc). As outras 70 palavras foram entendidas como referências e evidências claras aos motivos ou justificativas pelas quais as pessoas não estão cumprindo, rigorosamente, o isolamento social.

As principais motivações para as pessoas não cumprirem o isolamento social em Fortaleza são: (1) Realizar atividades remuneradas (trabalho formal ou informal), (2) Comprar alimentos, remédios e pagar contas e (3) Não considerar o isolamento importante para conter a Covid-19.

Figura – 70 palavras que evidenciam os motivos pelos quais as pessoas em Fortaleza não estão cumprindo, rigorosamente, o isolamento social.

Figura – Nuvem contendo 100 palavras que abordam respostas referentes aos “motivos para sair do isolamento social.

Foram apresentadas outras justificativas, menos significativas e apreendidas através de leitura horizontal, que impelem as pessoas a não cumprirem o isolamento social, como (i) acreditar que existe um exagero da mídia em noticiar a doença, (ii) para realizar práticas de lazer e socialização (ir à praia, namorar, fazer visitas sociais, praticar atividades religiosas, etc.), (iii) ideologia política e valorização do conceito de “isolamento vertical”, acreditando que o isolamento possui viés político e não tem relação direta com a preservação da saúde das pessoas e (iv) para realizar atividades físicas, especialmente corridas e caminhadas.

Referências:

Elwood, S.; Goodchild, M. F.; Sui, D. Z. Researching Volunteered Geographic Information: Spatial Data, Geographic Research, and New Social Practice. Annals of the Association of American Geographers, 102:3, 571-590, doi: 10.1080/00045608.2011.595657.

Haworth, B.; Bruce, E. A Review of Volunteered Geographic Information for Disaster Management. Geography Compass 9/5 (2015): 237–250. doi: https://doi.org/10.1111/gec3.12213.

Equipe envolvida:

Coordenadoras da Pesquisa:

  • Profa. Dra. Adryane Gorayeb
  • Profa. Dra. Maria Elisa Zanella.

Docentes do departamento de Geografia da UFC:

  • Jader de Oliveira Santos
  • Rubson Pinheiro Maia
  • Maria Clelia Lustosa da Costa
  • Eustogio Wanderley Correia Dantas

Discentes do departamento de Geografia da UFC:

  • Hércules Gabriel Nascimento da Cunha
  • Regina Balbino da Silva
  • Carlos Lucas Sousa da Silva
  • Christian Martins Mota
  • Romullo Diogo Pereira Mesquita
  • Francisco Douglas de Sousa Silva
  • Lucas da Silva Libério
  •  Liza Santos Oliveira
  • Sarah Luana Maia do Nascimento

Conheça as iniciativas da pesquisa em outras regiões do Ceará e estados do Nordeste:

 

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Entre em contato com: gorayeb@ufc.br